COMO A LÍNGUA QUE FALAMOS MOLDA NOSSA PERSONALIDADE?
Pesquisadores demonstram que falar uma segunda língua permite não apenas acessar outra cultura, mas também outras facetas de sua personalidade. De origem russo-americana, Margarita tinha 19 anos quando se mudou para os Estados Unidos. Ela domina perfeitamente o inglês, mas ainda pratica sua língua materna e confessa que não se sente exatamente a mesma pessoa dependendo da língua que utiliza. Quando fala russo, ela se sente um pouco “formal”, “reservada”, “desconfortável”. Por outro lado, quando fala inglês, ela se descreve como “curiosa”, “extrovertida” e “livre”.
O caso de Margarita não é nada excepcional. Nairan Ramírez-Esparza, especialista em psicologia social na Universidade de Connecticut, mostrou que falantes podem mudar de personalidade dependendo da língua que falam – e ainda mais se, além de serem bilíngues, também pertencem às duas culturas.
Em um artigo publicado no site de informações Quartz, Nicola Prentis destaca o interesse dessas pesquisas para aqueles que desejam dominar outro idioma. A língua carrega valores culturais submetidos ao mesmo teste de personalidade nas duas línguas que falam fluentemente, falantes mexicano-americanos se mostraram mais inclinados à autodisciplina e ao controle de suas emoções em inglês do que em espanhol. Quando convidados a descreverem a si mesmos nas duas línguas, destacaram, em suas respostas em inglês, suas realizações, suas relações com colegas de trabalho e suas atividades profissionais, enquanto na versão em espanhol, mencionaram mais a família e suas amizades.
Segundo Nairan Ramírez-Esparza e seus colegas psicólogos, essas diferenças refletem os valores culturais transmitidos por cada uma das línguas. Uma cultura individualista, como a americana, privilegia a afirmação pessoal e o sucesso, assim como uma convivência mais superficial, enquanto em uma cultura como a do México, que coloca o pertencimento a uma comunidade em primeiro lugar, não é natural elogiar a si mesmo.
Necessidade de imersão
“A língua não é separável dos valores que ela veicula, e cada falante se percebe de maneira diferente através dos valores que a língua que utiliza carrega”. É lógico que esse efeito seja particularmente evidente em falantes que são biculturais além de bilíngues.
Nicola Prentis conclui:
“Aprender uma nova língua não é apenas memorizar vocabulário e regras gramaticais. É também dar a si mesmo a possibilidade de acessar outras facetas de sua identidade.”
Contudo, isso exige a prática ativa da imersão cultural. E para isso, nada melhor do que uma estadia no país cuja língua se busca aprender.
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